Podemos começar essa conversa de várias maneiras, mas acho que a melhor delas é fazendo juntas uma reflexão. Se você está aqui lendo esse texto é porque no fundo, por mais que tenha algumas convicções sobre o tema, você procura entender melhor o que está acontecendo com as mulheres, estou certa? Isso é maravilhoso!
Atualmente, muito se fala sobre empoderamento feminino, feminismo, misoginia, machismo, patriarcado, ideologia de gênero e mais um monte de outras coisas que são atiradas nas nossas cabeças, vindas de inúmeros pontos de vista diferentes. Trabalhando a quase três anos com estudos de gênero e produção de conteúdo feminista, já me deparei com todo tipo de reação possível ao termo FEMINISMO. Desde as amigas curiosas que querem que eu responda se elas são feministas ou não com base em algumas crenças pessoais que me apresentam, até as mulheres que tem completa aversão ao movimento. Agora eu quero saber de você, qual a sua relação com o feminismo? O que te contaram sobre esse movimento? A sua opinião sobre ele é baseada em quais informações? De onde essas informações vieram?
É muito fácil para mim dizer que você deveria confiar no que eu vou te contar sobre o feminismo, mas qualquer pessoa poderia não entender nada sobre o tema e te dizer a mesma coisa, né? Então vou te pedir para confiar na minha biblioteca, onde estão as dezenas de livros que li sobre o tema e nos meus anos de ativismo e pesquisas profundas não só sobre o movimento feminista, mas também sobre gênero, direito penal, sociologia, ciências políticas e história. Sou suspeita para falar, mas eu confiaria em mim.
O primeiro ponto que precisamos analisar é a diferença do termo feminismo para o movimento feminista. O feminismo é a crença na igualdade política, econômica e social entre os sexos e nas oportunidades e direitos iguais para todos. O movimento feminista é formado por ativistas que trazem o feminismo para o contexto político. É comum associarmos a palavra “política” com a polarização da política brasileira, mas a política é a ciência da organização, direção e administração de nações ou estados. Ao contrário do que muitos pensam, o movimento feminista não está diretamente associado ao socialismo. Existem diversas vertentes, epistemologias e metodologias dentro do movimento feminista, portanto ele não representa uma única forma de pensamento. O único ponto que é senso comum entre todas as formas de interpretação do movimento é: mulheres são tão humanas quanto homens e merecem ter as mesmas liberdades, os mesmos direitos e as mesmas oportunidades que eles.
Você pode ser feminista e não ser ativista. Isso só quer dizer que você acredita na igualdade entre os sexos em todos os aspectos não biológicos, nada mais. Já o ativismo requer muito estudo, muito conhecimento e muita consciência sobre as raízes dos problemas que as mulheres enfrentam. Ainda assim, pode ser que você não se sinta confortável para se identificar socialmente como uma mulher feminista, pois foram construídos inúmeros mitos e caricaturas em torno desse tema, justamente para que as mulheres se afastem do movimento e assim permaneçam desunidas e sem força o suficiente para lutar pelos seus direitos.
Que saibamos nunca existiu uma reunião de homens malvados que armaram uma conspiração planejada para destruir as mulheres, mas estima-se que o patriarcado se espalhou pelo mundo há aproximadamente trinta e cinco mil anos. Portanto, a história foi construída dessa forma e a desigualdade entre os gêneros sempre foi usada como forma de negociar poder e controle nas sociedades.
Te convido para mergulhar comigo numa análise profunda sobre a história do mundo de uma perspectiva de gênero, para que compreenda que tanto o nosso sistema econômico quanto a prosperidade das instituições atuais são totalmente dependentes da desigualdade entre os sexos biológicos.
Acompanhe os próximos posts aqui no blog da Marcyn e vamos juntas compartilhar conhecimento para um mundo mais justo para as mulheres.
A @feminisa usa suas redes sociais para debater e explicar sobre feminismo.
